17 de janeiro de 2016

IX

Sei que ainda pensas em mim. Vejo-o nos teus olhos quando sem querer encontram os meus sempre que estamos no mesmo espaço, ou será que é de propósito? Sei que sim. Sei que me procuram assim como as tuas mãos procuram o meu corpo mais uma vez, sei que sentes aquele aperto no coração quando me vês ou quando te lembras daquilo que fomos, e sei que sabes que podíamos ter sido mais, se não fosse essa tua indecisão, essa incapacidade de compromisso. E sei também que não gostas de pressão, acredita, eu também não. Mas eu conheço-te, conheço perfeitamente as tuas manias, as tuas qualidades e os teus defeitos, o que gostas e o que te desprezas, conheço os teus pensamentos, e é isso que te assusta. O facto de eu saber tão bem quem és. Entregaste-te, e não aguentaste porque isso é novo para ti. Nunca ninguém observou cada traço teu e o memorizou até ao último pormenor, até eu aparecer. E é por isso que o sei, assim como sempre soube tudo. Sei que ainda pensas em mim à noite, nem que seja porque apareci na tua timeline, mas pensas. Sei que me comparas às outras, porque quer gostes ou não, eu ainda significo alguma coisa para ti. Vá lá, toda a gente sabe que não foste feito para este tipo de coisas, mas comigo foi diferente, e tu sabes disso, ainda que não o digas, e é por isso que não me queres falar. Tens medo que eu te tente moldar, que te tente mudar para aquilo que não és, ou pelo menos aquilo que não queres ser. Porque se há outra coisa que eu sei, é que tu és capaz de amar a sério, e tu amaste-me, e gosto de pensar que ainda amas, o mínimo que seja. Mas mente, continua a mentir a ti próprio. Diz que a amas, que já me esqueceste e que não sentes rigorosamente nada quando trocamos olhares, que são apenas fantasias da minha cabeça. Porque a tua boca pode negá-lo, mas eu vejo-o. E enquanto abraças outro corpo, enquanto não te decides, eu já me decidi. Podias ser o homem da minha vida, bastava deixares de mentir a ti próprio. Bastava deixares o medo de lado, de achar que não estás à minha altura. Podíamos ter sido tanto... És um idiota. Mas eu sou mais idiota ainda por ainda pensar em ti e desejar viver tudo de novo.

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